Data: 12/02/2018
Autor: Douglas de Assis Domingues
Dentre muitas coisas boas que Deus proporciona aos seus filhos ao longo da caminhada na vida cristã, a mim mais uma vez foi dada a rica experiência de visitar um dos programas da Missão Desafio nesse ano de 2018: o Programa Tríplice Fronteira, com foco principal no Paraguai. Desde a confirmação dos nossos nomes na lista de reservas no ônibus, a preparação dos detalhes que teríamos que levar em conta, a nossa vida pessoal e todo entorno focando aquele trabalho que iríamos ver de perto.
Na ida, nas longas horas de percurso, fui lembrando que no final dos anos 90 eu já tinha passado por aquele lugar com outro objetivo, que foi visitar a Usina de Itaipu. No fim de meu curso técnico, o colégio conseguiu agendar uma visita à usina de Itaipu, Cataratas e também ao Paraguai. Saí de lá com uma visão de que o Paraguai era só aquilo, o caos, lojas cheias de sacoleiros, carros se apertando num trânsito maluco em Ciudad del Este. Esperava, dessa vez mais amadurecido, ter outra percepção. Ao passarmos a fronteira fiscal foi um alívio, pois tínhamos a preocupação de algum entrave “surpresa” por parte dos agentes, mas Deus nos guardou e também fizemos a nossa parte, nenhum documento exigido foi deixado pra trás ou não buscado antecipadamente.
Bastava agora chegar à base missionária, o que ocorreu em poucos minutos, pois Hernadarias fica bem perto da fronteira. Chegando lá, pudemos encontrar os nossos amigos que há tanto tempo não víamos. Rapidamente nos acomodamos nas instalações do templo, e começamos a já vivenciar a rotina que os nossos missionários passam todos os dias. Todos tinham tarefas e responsabilidades por ali, a agenda estava cheia: cultos, evangelismo, limpeza do templo, preparação para a inauguração, preparo das refeições, trocar galão de água, limpeza de banheiro, fila para banho e refeições, grupos de visita nos lares dos irmãos no assentamento, carregar caixas e separar doações para o trabalho no assentamento e muitas outras coisas que o tempo seria curto para tudo que tinha ali.
Certa manhã acordei cedo, muitos ainda descansando, fiquei na porta do templo olhando o sereno pingar do telhado e minha distração foi interrompida pelo missionário Fábio, que me pediu um favor, algo lhe incomodava e precisava de um acerto com certa urgência. Naquela localidade a água das residências vem de poços cisterna e cada casa tem seu poço em seu próprio quintal. Na igreja não era diferente, tínhamos um poço com duas bombas e uma delas que abastecia a igreja estava com problema e foi-me solicitado que olhasse o que estava ocorrendo. Missão dada agora era mão na massa.
Peguei algumas ferramentas que dispunha por ali e limpei a área coberta do poço e de cara percebi qual era o problema, a corda que sustentava a bomba havia se rompido e a mesma foi até o fundo do poço, se alojando ao chão. A bomba permaneceu funcionando, mas a medida que ela puxava água também puxava a terra ao seu redor e foi se afundando na terra. Ficou impossível retirá-la com os meios básicos que nós tínhamos, era uma poço de 17 metros, com 7 metros só de água. Precisava de tomar uma decisão rápida, pois o consumo de água era grande devido ao volume de pessoas ali, a outra bomba abastecia a casa do missionário, que fica no fundo da igreja. Decidimos então abrir a tampa do poço, levantamos uma laje de concreto de quase 2 metros de diâmetro, e vimos então de perto a situação: um poço fundo, escuro, de terra fofa ao redor, mas que continha a riqueza que tanto buscávamos. Decidimos comprar uma bomba nova, com novos cabos e mangueira, fazer o melhor para nosso missionário não ter problema por muito tempo. No momento da instalação da bomba colocamos tábuas na boca do poço para dar segurança e melhor posição de trabalho, muitos irmãos ajudando naquele momento, pegando ferramentas, auxiliando pra não deixar cair sujeira no poço, alguns na comunicação e gritando ao outro colega que segurava a corda que sustentava a nova bomba, várias mãos atarefadas ali, colocando abraçadeira nova na mangueira, amarrando a corda na estrutura, tudo bem conversado e compartilhado, se perdêssemos aquela nova bomba, todo nosso trabalho teria sido em vão. Mas não foi, foi um sucesso, bomba no lugar, teste feito, tudo ok, fechamos a tampa do poço, feito limpeza e guardado as ferramentas.
Que a paz siga com todos!
Douglas de Assis Domingues